terça-feira, 12 de maio de 2009

AUTO-RETRATO

COMO COMEÇAR O PRIMEIRO POST DE UM BLOG?
NUNCA PENSEI EM TER UM.
APESAR DE FALAR MUITO (NÃO DE MANHÃ),

NÃO SOU DE ESCREVER.
MAS IMAGENS TAMBÉM FALAM, NÃO?
ESTA É A MINHA FALA.
MAS COMO COMEÇAR?

COMEÇAR UM TEXTO, UM RELACIONAMENTO.
TODO COMEÇO É DIFÍCIL, DESCONHECIDO.
COMEÇO ENTÃO PELO QUE CONHEÇO (OU ACHO)

E QUE ALGUNS PODEM NÃO CONHECER.
UMA BREVE APRESENTAÇÃO. RASA, SUPERFICIAL.
MAS ESSA É A AUTORA DESTE MAIS NOVO BLOG,

DENTRE OS INÚMEROS NASCIDOS AGORA.
ESTA SOU EU (OU PARTE DE MIM)
PRAZER. PASSEM SEMPRE POR AQUI...


01 de agosto. Um choro. O primeiro. O ano? 79. Não escondo. Critico, mas gosto das rugas e cabelos brancos. (dos cabelos brancos menos). Ano da anistia. Por isso vim. Já cheguei atrasada, como de costume. Um pai e uma mãe indescritíveis (se descrevê-los, parecerá mentira. Perfeitos! Guardo pra mim, ou conto mais tarde). Avós... ah, os avós... Filha e neta única até os 5 anos. Mimo? Aos 9 meses: operação. Três rins e uma formação errada nos ureteres. Um ano e meio, acidente: duas pernas quebradas. Depois disso, poucas baixas. Odeio agulhas. Continuo filha única, mas gosto. Gosto de pessoas. Amo amigos. Melhor aluna até a quarta série. Primeira nota vermelha na quinta. Percebi que não precisava me esforçar muito para ficar na média. E assim fui. Fugindo da educação física e me empenhando na artística. Fiz dança. (É. Jazz. Não consegui passar ilesa aos anos 80.) Fiz teatro. Nunca pensei em ser atriz. Gostava mais das festas. E em uma festa aos 15 beijei o que vem a ser meu melhor acerto. Menino mais velho, roupas pretas, rasgadas, andar descalço. Há quase 15 anos? O que dizer? (se descrever parecerá mentira. Perfeito! Guardo pra mim, ou conto mais tarde). Metade de uma vida. Quero mais. Um ano depois do beijo, ele veio pra São Paulo (cidade que me fez careta quando criança ao sentir seu cheiro). Vim atrás. Atrás de amor, de sonho, de trabalho (como todos, não?). Morei vinte e sete dias em um pensionato de freiras. Aluguei um quarto na casa de uma senhora - ela maltratava o marido. Aluguei um apartamento com uma amiga. A amiga se foi. Veio outro amigo. Depois a irmã dele. Já era tempo de parar de dividir a cama de solteiro. Fomos morar juntos. Um quarto e sala e muitos livros. Sim! Neste momento já havia o filho: tricolor, macho. Me ensina muita coisa até hoje. Cursei Publicidade. Faltava às aulas – passava boa parte do tempo na faculdade de Artes Plásticas. Ele me dizia que era para dormir melhor no escuro do passar dos slides das aulas de história, mas não. Um professor de fotografia. Me apaixonei – pela fotografia. Uma fotógrafa americana, retratando o “fim de festa” de sua geração e mudando a história. Me fez acreditar que a câmera não mordia. Uma inquietação juvenil, a vontade dando vazão ao experimento. Um scanner na mesa e muita coisa na cabeça. Ganhei uma bolsa de estudos. Fui morar em Paris. Não falava francês, mas me senti em casa em uma semana. Não queria voltar. Ele foi ficar comigo nos últimos meses. Mudamos muito na distancia. Mudei muito. Gostei da mudança. (Sonho em voltar todas as noites.). Voltei. Ao Brasil. À realidade. Me deparei com outro mundo. Amigos novos (adoro isso). Os tenho comigo até hoje. São muito importantes. Comecei a trabalhar com direção de arte em publicidade. Muito trabalho, noites em claro e um salário mínimo. Não fotografei mais – gaguejo quando tento explicar o por que. Me formei. Comunicóloga. Bonito este nome. Encarei o circo da propaganda por mais alguns anos. Não queria mais trabalhar em pastelaria. Voltei aos estudos. Uma pós. (pensei que nunca faria uma pós). Uma pequena mudança nos caminhar e me formei designer gráfica. Descobri o que me instiga em tudo que passei: a imagem. Nunca me declarei fotógrafa. Não gostava da técnica. Gostava do erro. Das possibilidades. No design encontro mais. E então um convite, um novo emprego: o mundo do design editorial. Cá estou. “Movimento figurinhas” o dia todo. Adoro o que faço. Me divirto. Mas sempre falta algo. E é nesta falta que surgem os respiros. Alguns projetos para quebrar regras. Ano passado algo mais se consolidou. Um espaço para juntar várias paixões. Cia. de Teatro Antro Exposto. Design, imagem, fotografia, arte, amor. Tudo embalado de novos sonhos. Sonhados juntos à insônia de meu melhor acerto. Hoje, sinto o peso da era balzaquiana se aproximar: entre outras baixas, descobri que não tenho mais três rins. Considero-me sortuda e feliz. O que mais?

(avisei que falo muito?)

19 comentários:

Unknown disse...

um breve resumo da vida.
lindo.
todo começo de relacionamento é difícil. e a nossa amizade começou truncada. com meus nervosismo e esguichada de palavras sem nexo. vc e ruy me achando louca. péssima primeira impressão? ele deve ter pensado: alguém que fala mais que a patrícia! rs
poste sempre
fale muito
bem-vinda à insanidade virtual.
beijos,

Ruy Filho disse...

amor, o antro particular já te anuncia.

Anônimo disse...

Um relato sintético de sua vida, mas que mostra fielmente quem vc é. Se tinha dúvidas de como começar, posso dizer que começou muito bem...com maestria e capacidade incrível de expressar em palavras escritas a realidade. ( e disse que não gosta de escrever, imagine se gostasse).
Ótimo início e que seja assim sempre...sempre vc. SUCESSO!!!
EDUARDO

Liza disse...

Que bacana!! Confesso que não tenho a menor vocação para arte nem pra tecnologia... rsrsr... mas adoro saber que faço parte dos "amigos" que vc ama tanto e que tb te amam! aliás me considero quase da familia após 18 anos de amizade... afff!!! beijão prima!!! ;)

Juliana Kehl disse...

eu simplesmente adorei esse texto!
é emocionante "ler" o resumo de uma vida, assim, tão sincero.

beijos!

Fernao Machado disse...

Sabe a conheci vc deveria ter três anos tivemos por alguns anos contato entre visitas minhas com seus pais e avós em companhia deles vc iam a nossa casa, vc ainda pequena Três anos como disse, orgulhos do vovô da vovó já era linda doce amava e era amada, hoje continua doce, saborosa a forma que escreve fiquei triste, pois estava tão bom tão, queria ler mais e mais, mas tão envolvido que de repente acabou vc é impar, continue falando muito é uma delicia ouvi-la, sabe lindinha sou avô e pai imagino a alegria que vc é para meus amigos (seus pais e tios e avós), tenho orgulho da minha Grande Patrícia.

PATRÍCIA CIVIDANES disse...

Pessoas,
nada melhor que lê-los por aqui neste momento!
Pri... preciso dizer algo a mais?? rs
Liza, vc faz parte de MAIS DA METADE DESTE TEXTO!!! Haja importância, prima!!
Ju, sinceridade é mesmo tudo. Nada melhor que senti-la. Saudades de você. Vamos marcar algo não virtual!?
E pai... você por aqui, com estas palavras, supera qualquer alegria. Se sou isso que se estampa neste blog, culpa sua! Obrigada sempre!
besos,
PAT
(resposta ao Ruy foi dada ao vivo! Sorte...)

Unknown disse...

Salve, salve, Pat!
A leitura do seu texto deu-me uma sensacao um tanto paradoxal: nao sei se lia sobre a sua vida, ou se procurava onde a minha se encaixava nisso tudo; nao sei se fico feliz por poder saber mais sobre os últimos tempos por aí, ou se lamento por já nao estar mais por perto há tanto tempo…
Uma coisa é fato: pouquíssimos conseguiriam, de uma forma tao simples, mostrar-se como uma pessoal tao interessante… Talvez só aqueles que sejam DE FATO muito interessantes… rss
Saudades, demai… Saudade do passado, saudade do futuro, mas sobretudo SAUDADE DO PRESENTE!
Beijos aos dois,
Regito
Ps.: Talvez seja oportuno ser mais direto: PARABÉNS pelo Blog! Tá animal! ;-)

Maria Helena disse...

Oi, minha lindinha. Ontem mandei um comentário, mas acho que postei errado. Adorei o blog. Amei de paixão o texto. Ele é como você mesmo. E nele você se superou, como redatora. Te amo minha querida. Te admiro. Continue assim: alma iluminada, serena, feliz, forte, objetiva, sensível, batalhadora. Além de ser uma benção te ter como filha e motivo de muito orgulho. E lembre-se: o importante é ser feliz. Bjs. Mamy

diegotorraca@yahoo.com disse...

Pat,
Estou agora conectado por aqui tb!
Demorou pra fazer este blog, né?
Vida longa!!!!!
Beijo grande

PATRÍCIA CIVIDANES disse...

Fernão, apesar da minha péssima memória (isso puxei do meu pai), me lembro bem de vc, da Debora... claro!
Mas uma das memórias me é mais forte: madrugada de 1988, Senna Campeão. Eu, com 9 anos, assitindo a corrida com meu pai. Saímos na rua, a pé e fomos até em frente a sua casa comemorar... bom lembrar!
Gostei de te ver por aqui... Obrigada!!

PATRÍCIA CIVIDANES disse...

Dieguito, Uow!!
Bora lá!
besos,
PAT

PATRÍCIA CIVIDANES disse...

Regito,
algo tenho que discordar::
Você está mais perto que muitos!
Por um motivo muito simples: pq queremos estar assim!!
A saudade é enorme, sempre...
Aqui é mais uma forma de dentarmos no buteco!
Obrigada por fazer da Alemanha um lugar mais próximo e quente!
besos,
PAT

PATRÍCIA CIVIDANES disse...

Ah mãe...
que delícia que é ser assim como somos, não? AMIGAS!
TE AMO!
PAT

Unknown disse...

Não consigo me concentrar p/ escrever, tamanha minha emoção!!!
Que coisa...conseguiu me fazer chorar e muito minha sobrinha preferida!!!! rsrsrsr
Amoooooo muito vc!!!
Mais sucesso do que vc já tem, afinal, vc merece!!!!
Bjsssssssssssssssssss

lili disse...

...GTC, o seu jazz,o seu maior acerto,SP, peixoto gomide,frame,nan goldin,paris...agora,eu chorei,mesmo...q lindo texto,pat!!!! esse blog vai ser bom!!! bem vinda!!!!
besos
li

Maria Helena disse...

Paty, quando vi seu blog e principalmente seu texto, adorei tudo. O texto me emocionou e surpreendeu muito(você fala que não gosta e nem sabe escrever !?!). Mas eu sou sua mãe e, portanto, absolutamente supeita, justamente porque apaixonada. No entanto, minha querida, pelos comentários postados, posso ver que minha percepção não se desvirtuou pelo afeto. Ela havia sido certeira. As demais pessoas também se emocionaram, também adoraram. Minha filha, tocar o coração das pessoas é para poucos; é uma benção e um dom. Sinto que você é especial para as pessoas que gozam de sua amizade e seu afeto, e agradeço ao Deus por ter me concedido a graça de te trazer ao mundo, porque você o faz melhor e mais colorido. Bjs.

Fernao Machado disse...

Puxa é mesmo Paty, que coisa!!!!, seu Pai como eu adoramos a F1, até hoje nao perco uma, estas da madrugada agora consomem algumas horas de sono, mas vale a pena; querida adorei os recados e depoimentos que estao aqui, como disse tua mae;''Minha filha, tocar o coração das pessoas é para poucos; é uma benção e um dom'', olha que delicia ter uma mãe como Leninha, e que maravilha uma filha como vc.Bjs.

PATRÍCIA CIVIDANES disse...

"Titia"!!
Me veio a mente aquela nossa foto em meu aniversário de 5 anos: eu não querendo ser fotografada e você me fazendo cócegas...
Acho que faltou no texto eu contar das nossas brigas! rs... e citar a minha hairstylist! ; )
Tb te amo!!
Obrigada pela presença!

**

Aline!!! Você encontrou todas as figuras!!!! rsrs... q delícia, né?
Saudades de tudo! Até da sua roupa esquecida dentro da máquina e das brigas com o Zé...rs
besos!!

**

Obrigada, Mãe!!!
Você sempre soube como tocar minha alma também...
Coisa genética!! ; )
Obrigadíssima pela transmissão dos gens!!!