terça-feira, 30 de junho de 2009

Lá se foi Pina Bausch.
Mais um ícone.
Mais alguém responsável
pelo abrir da minha mente.
por modificar, escancarar.

Michael foi um pouco assim.
criança, eu escutava o vinil do meu pai.
tinha medo dos passos, do ranger do caixão,
mas gostava da gargalhada.
Muito nova, não pude ver seu show em SP.


Com Pina, já era mais velha.

As primeiras vezes foi por foto.
Encanto. “Preciso vê-la!”

A segunda foi vídeo.
Biblioteca do Pompidou.
Como uma preparação para encarar.

A terceira, ao vivo.
Cheguei no Théâthe de la Ville.
Poucas quadras de casa.
Cedo. Muito cedo.
A fila estava enorme.
Uma senhora avisava que já
não haviam mais senhas.

Voltei. Ainda mais cedo.
Munida de chocolate, um livro e walkman.
(sim, fitas K7 e não MP3)
O teatro ainda estava fechado.
Percebi que as pessoas da fila mesmas
organizavam as senhas.
Me senti bem com aquela auto organização.
Senti vergonha ao lembrar das filas brasileiras.
Peguei minha senha e aproveitei
durante horas a munição.
Demorou.
Mas civilizadamente comprei
um par de ingressos.
Faltavam ainda dois meses de espera...

Ruy chegou e poucos dias
depois estávamos lá,
nas apertadíssimas poltronas daquele
teatro tão lindo

Voltamos mudos.
Depois falamos muito.
Sem parar.
Dança quase sempre nos atinge mais que teatro

As quarta, quintas vezes vieram.
Favelas reconstruídas.
Diálogos em português.
Piscas e bexigas.
Solos. Movimentos.
Poesia e escracho.

Tudo solto na cabeça a dançar.
Fica a vontade de ver Café Muller...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

ATENÇÃO CARIOCAS!!!!!


Ruy ministrará um workshop
na CAL dias 9 e 10 de julho!!
Para inscrição, é só entrar
Ah! Claro: a arte do cartaz
é minha! ; )

quarta-feira, 24 de junho de 2009

SAMBA E AMOR ATÉ MAIS TARDE...



Queria gostar de acordar cedo.
Logo ao raiar do primeiro sol.
Naturalmente. Sem nem espreguiçar.
Despertar sorrindo.
Lembrar dos sonhos.

Mas não. Tudo errado.
Calculadamente atrasado e errado.

Era assim:
Noites em claro. (ah, as noites em claro...)
Ler o jornal do dia antes do amanhecer.
E só então cair nos ombros preferidos e dormir.
Só depois do quarto ficar claro.
Ouvir a vizinha fazendo café da manhã enquanto acomodo o travesseiro.

O MUNDO INTEIRO ACORDAR E A GENTE DORMIR...*

Não posso mais.

De segunda a sexta, meu despertador toca duas vezes.
(há sempre o risco do desejo em permanecer ser mais forte)

O primeiro é na voz de Chico cantando Joana Francesa.
Covardia. Mais uma canção de ninar que um alarme...
Viro para o lado e sigo feliz.

O segundo está mais para uma sirene.
Quase um incêndio.
Para que levante da cama num pulo.
E na tela do celular aparecem os dizeres “Fudeu!”
Tempo contado para o atraso.

Nada. Nem assim.
Os gestos são lentos e drogados.
A roupa escolhida é sem graça e escura.
Não dou atenção devida aos acessórios, à maquiagem.
Passo o dia sonhando com a cama.

SERÁ QUE É TÃO DIFÍCIL AMANHECER?**

Cansaço é latente.
Mas no badalar do céu escuro, acordo!
Uma energia incrível.
Faço tudo neste momento.
Até faxina (faz tempo...)
Tudo para não encarar o sono da noite.

Quem sabe da próxima vez?

Gostarei de acordar cedo.
Gostarei de comer legumes, verduras e frutas.
Gostarei de fazer exercício. Caminhar, correr, academia.
Gostarei de ler, estudar...
Terei disciplina de fazer as unhas toda semana.
Serei organizada. Um armário em degradée. Caixas com etiquetas.

ACORDA MARIA BONITA
ACORDA, VEM FAZER O CAFÉ
QUE O DIA JÁ VEM RAIANDO
E A POLÍCIA JÁ TÁ DE PÉ ***


* Cazuza
** Chico Buarque (sempre Chico...)
*** Alguém conhece o autor? Sempre achei que fosse da minha avó...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

ANTRO EXPOSTO MAIS REAL E VIRTUAL

Inauguramos hoje a nossa mais nova "sede".

Está lá um pouco de tudo.
Todo material, desde Entulho,
20 Motivos, Complexo Sistema...
Críticas, fotos... tantas histórias!
Um arquivo virtual de coisas que se
concretizaram neste último ano.

E não poderia ser mais divertido:
tivemos a honra de sermos apresentados
por nomes por nós tão respeitados!
[Brincadeira pura, mas que bate aquele orgulho]

Fica aqui então o meu convite para uma visita
E um obrigada, com sorriso nos olhos,
ao querido Lucio Agra, que me definiu
tão poética e caetanamente! Lindo!

E assim seguimos a nossa busca
pelo “avesso do avesso”...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Maio. Completamos um ano oficial de Cia. de Teatro
Antro Exposto.
Nos parecem mais anos. Colhemos tanto...
O dia passou em branco...
Tantos pensamentos, acontecimentos... Estranho até. Gostamos tanto de festa.
No último domingo de maio, abrimos uma champagne alemã em casa. Guardada há alguns anos, para um momento merecedor.
Agora em Julho, um ano da estréia de ENTULHO.
O primeiro trabalho do Antro.
Gui em cena. Completo em cena.
Resultado? Um braço quebrado e várias críticas positivas.
Um ótimo começo.
Foi também o primeiro material gráfico que fiz para o Antro.
[fora o logo e as fotos dos integrantes para lançamento da cia.]
Uma noite de discussões e argumentações entre eu e o Ruy.
Ele se lembra que eu estressei, desliguei o computador,
joguei tudo que estava fazendo fora e voltei ao zero.
Valeu a pena.
É ainda um dos cartazes que todos mais gostam.
Tudo estava embebido do conceito da performance.
A sujeira, o entulhar...
O programa era entregue em um cesto de lixo, todo amassado.
[impresso em PB... verba zero!]
Fizemos uma performance urbana para divulgação.
CIDADE ENTULHADA.
Fotos do equilibrar sobre os livros em vários locais de SP.
Uma experiência incrível.
Ao fim da temporada, um presente para o Gui:
um livrinho sobre a peça.
Capa dura, laminada e mais de 60 páginas.
Lágrimas e gritos de “também quero!”. (ainda estou em dívida)
Fred Mesquita fez fotos para imprensa, e eu, que não resisto,
registrei alguma coisa também...
Segue um pouco desta história em imagens...
(clique para ampliar)
cartaz . banner
capa livro . programa amassado
programa "desamassado"
fotos de ENTULHO by "eu mesma"







registro fotográfico da performande urbana
CIDADE ENTULHADA


segunda-feira, 1 de junho de 2009

O QUE FICOU ENTRE

Acordei com o toque do telefone. Meu avô dizia "E este avião?".
Minha mãe foi para Paris este final de semana. A minha Paris.
Mas ontem mesmo recebi notícias de suas caminhadas pela famosa Avenida Campos Elíseos.
Frio na barriga. Alívio. Tristeza.
O pensamento chega às pessoas que buscam os passageiros de domingo.
Ela viajou no sábado. Por um dia.
Sentimentos estranhos se confundem. Não quero experimentá-los.
Prefiro letras pequenas hoje.