Quando muito nova tive dois grandes amigos. Mule e Milite. Imaginários. Invisíveis. Eram muito presentes, reais. Viveram comigo por muito tempo – mais que o normal.
Mais tarde, aos 20, fui morar em Paris: não conhecia o idioma, não conhecia bem a cidade, não conhecia ninguém. Sozinha no inverno Francês. Motivos de tristeza para alguns, mas não para mim. Me encontrei como nunca antes. A sensação estranha de estar em casa. De sempre ter vivido ali. Na volta ao Brasil, me sentia deixando a pátria. (como?). Uma parte de mim era roubada, deixada para trás, o outro lado do oceano. O velho mundo. Novo mundo. Um tempo depois, na leitura de minha mãe sobre a arquitetura da prefeitura de Ribeirão Preto, baseada no trabalho de dois arquitetos franceses, o susto: seus nomes poderiam ser pronunciados na voz de uma criança como “Mule” e “Milite”. Arrepio. É o que me respondem ao contar dos fatos. Às vezes parece mesmo que tudo faz sentido.
Domingo, dia sete (meu número de sorte!), pisarei outra vez em Paris. Sentirei o cheiro de casa, dez anos depois (ou alguns séculos depois?). Conseguirei segurar o choro ou libertarei as gargalhadas? Prefiro quase sempre a junção dos dois. Mando notícias de lá. Melhor: mandaremos: Ruy e eu. Um mês de fuga. Preparando um 2010 cheio de realidade. É o que desejo: realidades ultrapassando o poder dos sonhos. E Paris tem este poder em mim...
(fotografia de autoria de meu querido Roosevel Nina - não poderia ser outra...)
Um comentário:
Que lindo!!! Tenham uma viagem deliciosa e mais linda ainda - vocês merecem!!! Parabéns pelas grandes coisas realizadas nesse ano lindo - com Natal iluminadíssimo e que iniciem 2010 sereníssimos e a cada novo segundo vibrando muita vida!!!
Beijos no coração pra você e Ruy,
Cacalo.
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