Um dia me perguntaram qual é a minha paixão, no sentido profissional. Pensei muito. No momento não soube responder. E há não muito tempo entendi que o que me interessa mesmo em tudo o que faço é a imagem. Suas tão infinitas possibilidades. A imagem como foto, como design, como letras, como erro. Não importa. A estética, a forma, a construção ou desconstrução.
Comecei trabalhando com fotografia, mas a técnica em si não me colocava disciplina. Depois a direção de arte nas madrugadas da publicidade. Aprendi muito e dormi pouco. Vender, vender, vender! E a importância do que eu buscava ficava para trás. E por que não o design gráfico? Um amigo redator brincava na época “Designer ganha mais, dorme mais e é mais chic!”. Fui. E comecei a entender e me entender. Nada levado ao extremo. Os caminhos podem sim se opor ou se completar de forma harmônica.
Há alguns anos passo meus dias e minhas horas como chefe de arte em revistas comerciais*, vistas com certo preconceito por muitos. Mas fico tranqüila. Sei encontrar lá a qualidade estética que quero, dentro do que o projeto necessita. Sei aprender lá. E isto pode ser mais interessante que qualquer liberdade extrema.
Mas não descarto o que há em paralelo. Realizo outros desejos em locais adequados. E tudo faz sentido.
Há dois anos e meio aceitei ser designer gráfico de uma companhia de teatro**. (mas uma companhia de teatro tem designer gráfico?). E mais: o desafio de torná-lo parte do espetáculo, como imagem, conceito e identidade.
Não. Nem sempre é possível, pois nossa mente delira, mas a verba não está ali. Finaliza-se sem cores, sem altas gramaturas, sem facas especiais, sem pantones, sem dobras e desdobras. Mas não há desistência e, então replico: pra que dinheiro? E vou em frente.
Em ENTULHO, uma folha impressa em preto e branco, amassada. Em COMPLEXO, uma bexiga para ser estourada. Caminhando...
Hoje EMVÃO é mais completo. Um projeto especial para convidar imprensa com custo zero. Uma caixinha de poesia, tomada por botões e café e chá e Haroldo e Harry. Sorrisos infantis se formam ao recebê-la. E ela se faz inteira ao assistir do espetáculo, pois lá, o que parecia uma junção de objetos sem sentido, se torna texto e compreensão. É isso que buscamos. E o papel do convite é o mesmo que protege a ninfa nua que se banha de tinta em cena, que suja o programa entregue na entrada do teatro. O envelope é de papel de parede, que embrulha o palco. Seus botões são chuva, sua xícara é diálogo e por fim, se escolhe o que beber. Tudo faz parte de tudo e nada é realmente em vão.
Escrevo isto hoje, pois foi minha folga após meses de trabalho. Aproveitei para atualizar meu portfolio e rever trajetórias.
Para completar, sábado monto a primeira exposição de fotografias que organizei: imagens de cena de nove fotógrafos, compondo o hall do teatro. Acompanham a temporada, junto a exposição de croquis de figurino, às críticas dos dois espetáculos, da música dos compositores e de uma homenagem.
O tempo continua curto, mas estou feliz. E acho que não é a primeira vez que confesso isto este ano....
Comecei trabalhando com fotografia, mas a técnica em si não me colocava disciplina. Depois a direção de arte nas madrugadas da publicidade. Aprendi muito e dormi pouco. Vender, vender, vender! E a importância do que eu buscava ficava para trás. E por que não o design gráfico? Um amigo redator brincava na época “Designer ganha mais, dorme mais e é mais chic!”. Fui. E comecei a entender e me entender. Nada levado ao extremo. Os caminhos podem sim se opor ou se completar de forma harmônica.
Há alguns anos passo meus dias e minhas horas como chefe de arte em revistas comerciais*, vistas com certo preconceito por muitos. Mas fico tranqüila. Sei encontrar lá a qualidade estética que quero, dentro do que o projeto necessita. Sei aprender lá. E isto pode ser mais interessante que qualquer liberdade extrema.
Mas não descarto o que há em paralelo. Realizo outros desejos em locais adequados. E tudo faz sentido.
Há dois anos e meio aceitei ser designer gráfico de uma companhia de teatro**. (mas uma companhia de teatro tem designer gráfico?). E mais: o desafio de torná-lo parte do espetáculo, como imagem, conceito e identidade.
Não. Nem sempre é possível, pois nossa mente delira, mas a verba não está ali. Finaliza-se sem cores, sem altas gramaturas, sem facas especiais, sem pantones, sem dobras e desdobras. Mas não há desistência e, então replico: pra que dinheiro? E vou em frente.
Em ENTULHO, uma folha impressa em preto e branco, amassada. Em COMPLEXO, uma bexiga para ser estourada. Caminhando...
Hoje EMVÃO é mais completo. Um projeto especial para convidar imprensa com custo zero. Uma caixinha de poesia, tomada por botões e café e chá e Haroldo e Harry. Sorrisos infantis se formam ao recebê-la. E ela se faz inteira ao assistir do espetáculo, pois lá, o que parecia uma junção de objetos sem sentido, se torna texto e compreensão. É isso que buscamos. E o papel do convite é o mesmo que protege a ninfa nua que se banha de tinta em cena, que suja o programa entregue na entrada do teatro. O envelope é de papel de parede, que embrulha o palco. Seus botões são chuva, sua xícara é diálogo e por fim, se escolhe o que beber. Tudo faz parte de tudo e nada é realmente em vão.
Escrevo isto hoje, pois foi minha folga após meses de trabalho. Aproveitei para atualizar meu portfolio e rever trajetórias.
Para completar, sábado monto a primeira exposição de fotografias que organizei: imagens de cena de nove fotógrafos, compondo o hall do teatro. Acompanham a temporada, junto a exposição de croquis de figurino, às críticas dos dois espetáculos, da música dos compositores e de uma homenagem.
O tempo continua curto, mas estou feliz. E acho que não é a primeira vez que confesso isto este ano....
* Atualmente:: revista Hola! Brasil (www.revistahola.com.br)
** Cia. de Teatro Antro Exposto (www.antroexposto.blogspot.com)
3 comentários:
A verdade do artista está nisso: Na improvisação.
Não a improvisação no sentindo de fazer qualquer riscado com o lápis que está à mão. Maz aquela que só os verdadeiros artistas são capazes: ver as possibilidades embutidas num objeto aparentemente sem recursos.
Ah! Vc lembrou que tem um blog...muito bom. A janela da vida nos ensina a olhar mais longe e corretamente. Tudo não pode ser ideal ou ideário nosso, então, ajeitamos as coisas, fazemos tudo ser complemento e, de certa forma, nos deixar satisfeitos, felizes. A juventude oxigena o mundo, mas a experiência é que nos deixa em certo conforto, deixando-nos aproveitar melhor as coisas boas da vida.
Bjs.
Eduardo
É pai. Hoje consigo te dar razão... E viva as coisas boas, né? ;)
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