Sempre tão difícil amanhecer, mas não nesta sexta. Não neste dia 17. Não neste setembro.
Acordo, empurrando o corpo. Os pés cambaleiam pelo corredor. Um pequeno bilhete cai em frente à porta que antecede a sala-surpresa. Os olhos de areia demoram a entender. Abro a maçaneta e entro em um sonho. Trinta e sete lembranças ocupam a sala, dispostas cuidadosamente em papeis recortados, presos por barbantes de diferentes comprimentos, fixados ao teto. Citações mágicas me transportam no tempo e me deixo voar longe. As lágrimas teimam em manchar o lápis que restava da noite anterior. Leio cada um e meus pés flutuam. Uma risada invade o choro: “como ele é capaz?”. Assim fica fácil não ver que tanto se passou e inevitável querer mais. Queria ficar ali naquela sala-saudade para sempre e sei que voltarei a ela quando desejar (ou precisar). Nunca houve presente melhor.
Ruy, eram onze as gérberas naquelas garrafas. Sim, eu me lembro a primeira vez que fomos lá quando fecho os olhos. É mesmo muito fácil gostar de você. Obrigada pela manhã mais linda de todas. (E sei que virão outras)